terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Barbie Travesti


Já não é suficientemente pleno viver? É preciso ser feliz também...


Algumas pessoas entenderão o porquê deste devaneio de hoje. Confesso que sou de uma geração que diariamente pelas manhãs ouvia a seguinte música: Todo mundo tá feliz – Tá feliz; Todo mundo quer dançar- quer dançar; Todo mundo pede bis... E assim aconteciam as minhas manhãs também. Durante anos por sinal.

Porém hoje acordei meio cansada, sei lá talvez mais preguiçosa que o normal. Como sempre desejei bom dia às pessoas que estão aqui em casa. Faltou apenas uma, mas pra essa já desejei logo uma boa semana, com todos os sete bons dias necessários.
Então eis que surgi na minha mente à pergunta: Por que é que eu preciso ser feliz todos os dias?

Pronto... Foi o precisava pra loucura começar.Instantaneamente já coloquei a culpa na quantidade de álcool que eu ingeri desde que o Ano Novo começou. Só pode ser isso, tenho bebido demais, passeado demais, dormido demais, descansado demais, enfim tenho vivido intensamente meu período de férias, sem fazer questão nenhuma de manter um equilíbrio.Procurando um jeito para evitar o mal estar , preferi resolver tudo com a promessa de que beberei menos da próxima vez.

Iludida pela promessa, porém bem consciente da necessidade, achando que ia passar, sou literalmente arrebatada pelo próprio Armagedom pessoal.

Porque é que eu não aprendo a ficar calada?

Eis que então surge na minha frente nada mais, nada menos que ela: A Divina Felicidade!

Agora fudeu de vez... pensei , tô precisando mesmo é ser internada.

Mantive a calma, fiz a boa e velha cara de paisagem, como se fosse à coisa mais normal do mundo um devaneio desses. Criei coragem e resolvi enfrentá-la... a tal da Felicidade.

Após alguns momentos de silêncio e contemplação, resolvi que deveria analisá-la fisicamente.
Confesso mais uma vez que me surpreendi. A meu ver, tava mais parecida com uma Barbie, mas não a Barbie comum, era uma coisa assim meio Barbie Travesti , sabe? Não era aquela Barbie perfeita. Mas resolvi ficar tranquila, e não questionar o porquê de uma aparição desta forma.

Era toda trabalhada no patrocínio, uma ostentação de etiquetas. Tinha de tudo. Esfreguei os olhos pra tentar enxergar algumas, muita informação, sabe como é? Preferi manter um foco, e continuar minha analise. Vi Prada, Louis Vuittons, Colcci, Tng, Dona Florinda, tinha aquela também do jacarezinho, bota da Zeferino, bolsa da Cavage, uma loucura..., maquiagem da Channel... puta que pariu que felicidade mais metida essa !

De repente sinto um olhar, tipo daquele que soltam chamas, entro em pânico, recorro rapidamente ao meu pensamento, raciocínio, sei lá, uma maneira de acabar com esse devaneio de vez. Solução: Prometer que nunca mais beberia, fiquei repetindo mentalmente isso, inúmeras vezes, de olhos fechados, fixa nas palavras do manual do pensamento positivo que andei lendo em algum momento da minha vida... Um repentino alivio toma conta da minha alma resolvo abrir os olhos, e satisfatoriamente ela não está mais lá. Faço mais uma promessa: Nunca mais verbalizo nada que tenha haver com a ditadura da Felicidade.

Puta que pariu de novo, foi só pensar novamente na palavra que me surge à maldita, ali impávida, na minha frente.

Dessa vez, estrategicamente resolvi em questões de segundo enfrentá-la, sem teme-la, me sentindo inclusive bem à vontade pra ter uma conversa bem civilizada  – Para tudo, que agora eu enlouqueci de vez...

Criei forças, comecei a lembrar de todas as citações que vi estampadas no Face de amigos e amigas, a respeito da digníssima. Então, sentindo-me mais embasada resolvi fita-la nos olhos, quero enxergar sua própria alma. Com as mãos suadas de tanto desespero, fixo-me em seu olhar e calmamente pergunto:

- Ei... Você é feliz?

Minha nossa... Como assim, depois de tanto embasamento, eu com a oportunidade de me deparar frente a frente com a Felicidade, faço essa pergunta... Não, não, não... Isso é inadmissível, é o verdadeiro cumulo do absurdo. Porque não perguntei sobre moda, viagens, carros, restaurantes, cassinos, tecnologia de ponta... Sei lá, casa, jardim, decoração, um fast food do momento talvez? Mas não, a idiota aqui resolve perguntar pra própria felicidade se ela é feliz... (pelo amor de Deus).

Fez-se então um total momento de silêncio ... minha mente insana, que só pensa insanidades bem pra legitimar mesmo , já começava a se despedir deste mundo, quando a Felicidade resolve se aproximar mais um pouquinho, senti que realmente eu iria morrer, vou morrer mesmo. Adeus mundo cruel...

Ela muita calma, me sorri...
 Mas não se iludam, era apenas um sorriso social, sabe daqueles que a gente precisa sair distribuindo por ai, só pra parecer simpática e não desagradar ninguém. Então foi um desse que ela me deu, não respondeu minha pergunta, apenas sorriu socialmente.

Fútil essa tal felicidade , né? Com esse sorrisinho de bosta! 
Mas até que ela tem os dentes bonitos... Ops... Serão dela mesmo ou de algum dentista renomado mundialmente, provavelmente ela deve usar aquele adesivo clareador que eu vi no comercial da TV.

Enfim, como não sou mesmo de me deixarem calar com sorrisos sociais, até porque já que eu tava no inferno mesmo, resolvi dançar com o diabo. Ah lembrei também na hora daquele filme: O Diabo veste Prada, foi o que bastava , olhei pra ela, retribui com o mesmo sorriso social, sou bem dessas mesmo, e mando-lhe a próxima pergunta:

- Posso ver o que tem na sua bolsa?

Naaaaooõ, onde é que eu tô com a cabeça, devo tá achando que sou alguma policial, faça-me o favor. Posso ver o que tem na sua bolsa? Fiz isso mesmo? Perguntei isso pra Felicidade. Sim, eu fiz isso.

Vamos pensar: Se algum de vocês que estão me acompanhando nesse devaneio tivesse a oportunidade de ficar cara a cara com a tal da Felicidade iam fazer algum tipo de pergunta ao menos parecida com essa?

Pois eu fiz, então já que fiz mais essa bosta, esperei pelo próximo ato da austera Felicidade.

Alias, ainda mantendo a mesma sensação de morte eminente da primeira pergunta.

Ela muito fina, com gestos sutis, dignos de uma pessoa formada em Sorbonne, resolve abrir a bolsa, de forma que eu pudesse sanar toda a minha feroz e latente curiosidade. Fina ela, né?

Eu, já bem pronta para o início do novo Armageddon, como um lobo atrás da caça, começo a tentar enxergar tudo o que estivesse ao meu alcance.

Tinha óculos da Ray Ban – detalhe acho que ela não deve enxergar muito bem, porque era de grau, pra usar no Sol era da Empório Armarni, inúmeros batons, caixa de maquiagem com tudo que você possa imaginar que exista a respeito tava lá também.

Eu muito tranquila, dando uma revistada na bolsa da Felicidade, me deparando com absorventes – puts ela consegue ser feliz, menstruando? , tinha cigarro, antidepressivo detalhe , tava lacrado, acho que era pra um remoto caso de urgência, remédio pra dormir, ahhh esse ela já tinha bem usado, perfume... lógico que não era da Natura , nada mais , nada menos que um ... Channel 5, o perfum. mais famoso do mundo, mas engraçado, tava lacrado também, não entendi, mas continuei minha vasculha até que "pasmem" dou de cara com um suntuoso bilhete da Mega Sena, isso mesmo um bilhete da Mega Sena. 

Não me aguentei cai no chão de tanto rir, com cólicas abdominais intensamente doloridas de tanto rir. Como assim?  Um bilhete da Mega Sena na bolsa da Felicidade... Cheguei a achar que eu tava tendo uma Rê Bordosa, mas não... isso era bem real... Tão real , que nem me atrevi a perguntar se era ela mesma que tentava a sorte !

Depois de vários minutos de cólera, manifestadas através de ótimas gargalhadas, me senti mais calma, sei lá me deu uma tranquilidade, tipo daquela que a gente tem quando transa satisfatoriamente. O prazer do êxtase me fez ficar de novo com aquela boa e velha preguicinha, a mente deu uma tranquilizada também... Parei e assim pude olhar melhor nos olhos da Felicidade, calmamente cheguei à conclusão que era esse ato que me fazia questioná-la.

Mas desta vez, eu iria perguntar algo sério, com um q de intelectualidade, maturidade, sabe algo assim bem preparado. Senti medo, sempre me sinto assim, quando tenho vontade de formular perguntas desse tipo. Respirei, levantei a cabeça e:

- Por acaso, Sra. Felicidade, neste momento , a sra. encontra-se sem dinheiro?

Páaaara Tudoooo !!! Que porra de pergunta intelectualizada é essa ? Meu Deus do Céu , isso não é pergunta , o nome disso é BLASFEMIA , sim a pior do mundo ... Agora realmente além de morrer eu estava sentenciada a padecer no inferno por toda a eternidade. Puta que pariu ... Como é que eu faço mais uma vez um negócio desses comigo mesma? Eu sou a própria besta em carne e osso. Como é que eu me sinto à vontade pra perguntar à magnânima Felicidade se ela tá sem dinheiro ?  Agora passei do estágio de temer a morte, já tô morta mesmo .

A beldade mais desejada do universo, resolve então soltar a voz. Pensem em uma voz macia, suave, baixa , coisa de gente que faz fono pelo menos duas horas por dia , então a voz da Felicidade era assim. Eu como já tava morta e descrente mesmo ... Fiquei ali , pacientemente esperando pelo que ela ia me dizer.

- Por acaso, você já ouviu que o dinheiro não trás Felicidade ? 

Kkkkkkkkkkkkk , que satisfação em saber que a Felicidade além de parecer rica era , constatavelmente burra. Era o que eu precisava , já mandei logo, o bom e melhor chavão do mundo :

- Ah , Sra. Felicidade já ouvi sim , álias ouvi até muito mais que isso , ouvi que ela manda buscar...

Desta vez , sou arrebatada pela voz da D. Marisa, dona aqui da casa , que eu moro em Ubatuba, me pedindo se podia colher acerolas, aqui do pé que tem em nosso jardim. Prestem bem atenção ... Me pedindo. Nossa... Como me senti bem, lembrei de quando eu subia no abacateiro que tinha lá na casa da minha mãe e eu ficava comendo abacate verde com sal , como era bom ...

Enquanto lembrava , senti um vento, que foi virando uma brisa até terminar em um sopro de felicidade, foram tão poucos segundos , que se eu pudesse apertar o pause da minha vida , esse seria o momento ideal.

Senti também , um certo olhar de inveja , logo atrás de mim. Adivinhem de que era ?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Definição ... Gente!


Para você que tem visto, curtido, amado, ou odiado... Resumindo devaneado!

Eu sou feita completamente de Gente. Gente essa que fui encontrando pelo meu caminho, desde o nascimento.
À parentada ... toda muito maluca, nordestina com um coração que não se cabe nesse mundo ainda, motivada literalmente por fluxo amoroso. Nada de fluído sanguíneo.  Fui amada e odiada. Coisa de gente que sente com o coração e que pensa com a faca. Foram me fazendo e refazendo desde o nascimento.

Fiz também..., duas filhas, belas, amadas, inteligentes, mulheres de caráter e geniosas. Que seguem construindo seus caminhos, ora com acertos, ora com erros e assim, como eu possuem destinos onde se encontram com Gente.

Ai vem aquela Gente que vai me ajudando a continuar um caminho. Algumas se foram , outras ficaram. Amei, magoei, arrependi, perdoei, não sei se  fui perdoada.

Amigas, amigos, tias, tios, primos, primas, algumas Gente boa, outras não. Faz parte...

Tinha e tem de tudo. Todo o tipo de Gente.

Tem Gente preta, branca, parda, amarela, quem fala muito, tem quem é introspecta, tem extrovertida, tímida, bonita, feia, gorda, magra.

Tem puta, tem viado...

Tem até quem é de Deus, também quem é do Diabo. 

Tem bacharelado, mestrado, doutorado.

 Ah... tem também quem não tem título, só o RG mesmo, pra comprovar que tem um nome, suficiente pra eu memorizar e saber que sou essa Gente também.

Tem cachaceiro, bagunceiro, maconheiro, hipocondríaco e religioso.

 Tem Gente amorosa, generosa, invejosa!

Tem também as senhorinhas, que normalmente me adoram, ou então com o passar dos anos tornaram-se mestras na arte de falsear os sentimentos. Respeito muito.

Têm as crianças, ahhhh essas eu admiro, me ensinam todos os dias...  Amar, manipular, mentir, brincar, odiar, abraçar, beijar, pedir.  Cada uma com a sua didática particular e eu? Eu vou sendo feita, vou aprendendo... Levo broncas homéricas, dignas de dó inclusive.

Têm adolescentes, que com todo o encantamento, peculiar a essa fase de feitio inclusive, me fazem enxergar e aprender as novidades deste século.

Sou assim, feita por toda essa Gente. Pessoas que encontro pelo meu caminho.

Hoje uma gente dessas, pediu pra eu me definir.

Depois de alguns momentos de reflexão, cheguei à conclusão que no dia em que eu souber minha definição, significa em outras palavras “que tô morta”.

Como posso eu, misturada nesse caldeirão de Gente, parente, amiga, amigo, até inimigo, me definir?

Não deu...

Resolvi então devanear por aqui, ansiosa por todas essas pessoas que fazem de mim, todos os dias, uma nova pessoa. Se boas ou não, não me cabe julgar, apenas refletir e contemplar.

Vou sendo construída e reconstruída todos os dias – olha que isso dá um trabalhão danado – Talvez fosse realmente mais seguro me definir.

Quem sabe ser talvez mais eloquente, consciente.

Mas hoje, por enquanto ainda prefiro velejar pelas ondas da minha vida, com a companhia dessas pessoas, que esperam de mim , não uma definição, mas sim que eu me torne todos os dias cada vez mais Gente.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Marte, Amar-te


Talvez seja assim ...
Sem sentido, desprendido...
Ardente, forte, quente...
Incompreendido, mal dito e latente.

Sublimado pelo quarto , pelo quinto, pelo sexto , pelo sexo.
Sentido, desejado, entre aberto...
Viril , forte, profundo, teso e intenso.
Faz a cabeça rodar, a alma devanear, a carne suada... Exaurida, desejar e desejar.

Que tipo de amor é esse de Marte?
Soberano e profano , às vezes monogâmico... Às vezes não.
Insano e sagrado , inquieto ou calmo ?
Talhado pelo desejo, que arde , pede , suplica ...domina.
Faz rir,chorar, vir, partir, findar ou inexistir...

Quer o gozo com esmero, contra ação do prazer, a pele que pulsa que deseja... E lateja.
Multiforme...  Saboroso: doce, amargo; terno e tenso.
Mar revolto, despretensioso de calma. Sublime. Inatingível.
Seda que a navalha não rasga, nem parte.
Quem sabe desposa...  Fato é que sagradamente goza!

Talvez seja assim...  amor de Marte.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Impressão ?!?!


Quando eu acordei, vi pela janela da sala , o vulto passar pelo corredor.
Abri  a porta , o pé de manjerona estava sendo agitado , por um beija flor.
Voo e depois dançou na minha frente, por alguns instantes.
Fui passear.
Voltei  pra casa , liguei o computador e quem entrou ?
O beija flor ...
Fui pesquisar na internet , afinal o oráculo também serve pra isso.
Descobri que era : mal agouro, notícia boa, notícia ruim , morte, sorte.
Enfim... desisti.
Se a natureza casasse com a tecnologia de  hoje em dia , eu os divorciaria.