sexta-feira, 8 de março de 2013

Lá vou eu... Nova Mente.


Me contorcendo de ansiedade pela viagem ...

Foi assim, sem planejar, surgiu em um comentário durante o café da tarde, enquanto comíamos a primeira torta que fiz ao longo dos meus quarenta anos de vida, não uma torta simples, muito bem elaborada feita com massa integral, grãos, açúcar mascavo, banana e creme de baunilha.

Foi tanto orgulho que eu senti quando tirei do forno e vi que tinha dado certo. 

Mas não se resumiu só ao orgulho, depois de visualizar e concluir que tinha ficado bem aparentada, já me deu logo aquele medo certeiro: O gosto deve estar horrível... Mas enfim, já que tinha começado eu ia até o final, já providenciei logo uma mesa linda pra servir a primeira torta da minha vida.

E como magnífica ansiosa que sou  comecei a me justificar,pra evitar as possíveis criticas relativas ao sabor ... tudo isso  enquanto comíamos a torta... 

Mas para surpresa geral : Ficou ótima, modéstia parte, ficou realmente muito boa... Então era só relaxar e comer.

Dito e feito, relaxei tanto que iniciei minha boa e velha conversa sobre como é bom mudar, respirar, comer, beber e blablabla... 

Finalizando com a seguinte frase: Tô com uma vontade de viajar...

Foi o suficiente pra alterar a sintonia do café da tarde.

Como assim viajar, estamos morando em um paraíso, que ainda não conhecemos nem a metade, e você quer viajar... Meu amor viajar pra onde?

Ah ... pra longe, sei lá ... bem longe. 
Sabe aquela prima da boa e velha infância , reencontrei no Facebook , me chamou pra ir pra até a casa dela , pra gente conversar sobre coisas novas , que aconteceram em nossas vidas e  relembrar o passado com parcimônia é claro ...

Que bom !!! Ela tá morando onde ?

Ilha de Itaparica.

O quê ? Eu ouvi direito ?

Isso mesmo Ilha de Itaparica, pertinho de Salvador, Bahia.

Ah... E você quer ir pra lá. Na ilha de Itaparica.

Isso... tava pensando que seria bem legal... Sabe aquela vontade que me dá de vez em quando de sair do lugar, viajar, devanear, pegar a estrada, então... pensei que veio bem a calhar esse convite. Vamos?

Só um minuto...

Tem noção de que de onde estamos até lá são 1720 km, você gostaria de ir como?

De carro.

O quê?

Isso de carro.

Agora amor você pirou de vez mesmo. Tá louca?

Não... O que você chama de loucura eu chamo de exercício antropológico.

Ah tá... Pelo Google vamos levar 22 horas para chegar até lá, passando pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia... Acho melhor você devanear por aqui mesmo. Sua torta ficou ótima, parabéns...

Vou arrumar as malas, quando saímos?

Não disse que iríamos...

Disse sim, eu te falei que era um exercício antropológico, sem nem antes saber que passaríamos por todos esses lugares, que você mesmo falou ... então tá fechado. Vamos quando?

Posso ir também com vocês, a gente aproveita e vai no meu carro mesmo.

Ah como eu gosto de ter amigo assim, que resolve tudo logo.

Fechou vamos no seu carro, dividimos as despesas e tá tudo certo.

Amor... Pensa bem você tem noção do que são 1720 km?

Não, assim como também não tinha a menor noção quando decidimos que ficaríamos juntos. Sabe aquela famosa frase: Quem pensa não casa, então não pensei e casei.

Então tá bom... Sendo assim, vamos no domingo, saímos de madrugada, e cada um dirige por um período.

Foi assim que decidimos fazer essa viagem até a Ilha de Itaparica. Eu estava mesmo querendo viajar, respirar em outros ares, conhecer novas estradas, passar por novos problemas, encontrar novas soluções.

Me encontrar em outros olhares, diálogos, sorrisos, lágrimas.

 Identificação de maneira única. Sabe como é? Aquela pessoa que você nunca viu na vida, um dedinho de prosa e pronto várias coisas em comum... Pra isso tem que se sair do lugar.

Aqui é ótimo. Amo o lugar que moro, adoro a oportunidade de conhecer e aprender com as novas pessoas que este maravilhoso lugar me proporciona.

Mas sou assim, de repente bate uma doideira, uma vontade de fazer alguma coisa mudar, ser figurante em outros protagonismos.

Cresci ouvindo que água parada apodrece, levo super á sério. Até porque definitivo mesmo é a morte. Enquanto to viva quero mesmo sair por ai, contemplando novos mares, lugares, ares, pessoas ...

Muitos diriam: inconsequente você!

Não sou não, mesmo tendo planejando essa viagem em instantes, durante um café da tarde, em segundos pensei praticamente em quase tudo: Revisão do carro, grana dividida pra ninguém ficar no vermelho, documentos, carteirinha de plano de saúde, já coloquei crédito no celular para em caso de emergência ligar para aqueles bons espíritos que tenho em minha vida e que carinhosamente chamo de amigos.

Água, muita água pra se hidratar, algumas coisinhas pra beliscar até a próxima parada, alguns filmes pra pequena ir assistindo, livros, música.

Pronto é tudo que preciso. De saúde estamos todos ótimos. Disposição tem pra dar e vender, todos dirigem bem, então porque eu sou inconsequente?

Porque não planejei meses antes, não me preparei, não fiz reservas?
Ah não posso esquecer da barraca, acho melhor levar a barraca também.

Que atire a primeira pedra, quem nunca fez uma viagem sem planejar e que com certeza ela fez parte de uma das melhores viagens da sua vida. Rendendo histórias pra contar por toda a sua existência.

Pois esta vai fazer parte da minha.

Amo comer feijão preto de vez em quando, pãozinho de queijo e pururuca, peixe assado, acarajé, cocada.

Conhecer pessoas novas, com outras culturas e que mesmo vivendo todos  no mesmo país, possuem cada qual uma maneira peculiar de respirar a vida.

Enfim vou em busca de novas formas de expressão, espiritualidade, sensualidade... E lá vou eu novamente!!!

Ou melhor, vamos todos... 

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