O
que compartilho hoje chega a ser no mínimo um pouco ridículo, muitos
dirão...
Vou tentar
expor de forma simplista, deixando inclusive de lado todos os benefícios
físicos e mentais, para que brote em vocês talvez a curiosidade necessária para
uma pesquisa mais esclarecedora sobre este devaneio.
Que me perdoem
as mulheres mais conservadoras e tradicionalistas, as “santas e certinhas”,
então vão me odiar.
Tenho uma
opinião que vai contra a corrente que disserta sobre os padrões de
comportamento esperados de uma mulher de 40 anos.
Coisas do
tipo: Mulheres de quarenta normalmente já se encontram em condições de viver
melhor a vida, seus filhos já estão criados, profissionalmente já se
estabilizaram, descobrem que além de serem super mães, são também super
mulheres.
Valorizam-se
mais, já estão amadurecidas emocionalmente, não choram mais por amores
efêmeros, não dão gargalhadas estrondosas em situações cômicas, sabem ser
discretas, sabem seduzir, comportam-se em relações de conflito sem causar constrangimentos
e outros tanto infinitos comportamentos que se esperam de uma mulher de
quarenta.
Mesmo sem
concordar e o pior, não me enquadrar praticamente em quase nenhuma
dessas regras, aprendi que em relação a esse tema, eu devo mesmo usar a
discrição, quando o mesmo vir à tona na minha presença.
Até mesmo
porque sou uma mulher de quarenta!!!
As maduras
defensoras estão praticamente por todos os lugares, cito alguns em que as
encontrei: cinemas, reuniões familiares, igreja, consultórios médicos e de dentistas,
velórios, parques infantis, trabalho, happy hour, no transporte coletivo,
museus, casamentos, banheiros femininos são os preferidos, superando até mesmo
as clínicas de estética e depilação. Todas já devidamente confortáveis e
orgulhosas por fazerem parte da vasta e seleta gama destes comportamentos.
Após alguns
anos, desenvolvi a seguinte técnica, para lidar com alguns assuntos: faço à boa
e velha cara de paisagem o que me proporciona o prazer necessário para não
entrar em questões “tão burocráticas e complexas”, concordo com tudo,
exatamente com tudo.
Mas
infelizmente, ontem aconteceu um encontro desses, que para minha surpresa e
aumento de indignação, trouxe a mais nova informação sobre uma mulher de
quarenta.
Pelo menos
essa eu ainda não tinha escutado. A mensageira, com 43 anos, fez-se
materializada por forças demoníacas, exatamente para me perturbar. Só podia ser
isso, não encontrei justificativa melhor para aquele momento.
Disse-me ela,
com uma voz muito tranquila, depois de dissertar sobre as vantagens dos 40
anos, nada até então, que eu não soubesse, teoricamente.
O que
realmente me fez começar a devanear, como fuga para tal barbárie, foi a
seguinte frase:
E o melhor
querida... Nesta idade já aprendemos a gozar, além de estarmos na idade da
Loba!!! Usando toda autoridade de uma PhD no assunto.
Fez-se em mim,
a intranquilidade total, essa informação desestabilizou totalmente a minha
compreensão ou falta dela, sobre os padrões de uma mulher de quarenta. Instantaneamente fui conduzida por
meus piores e transgressores pensamentos a respeito de tão assunto.
Pensemos ... uma
mulher que pelo menos alguns anos atrás, iniciasse sua vida sexual aos 18 anos,
sabido que hoje as estatísticas nos comprovam que essa idade está muito longe
de ser a verdade sobre os fatos..
Mas enfim...
Vou considerar 18 até pra facilitar a conta mesmo.
Então uma
mulher que iniciou sua vida sexual aos dezoito anos, de acordo com a teoria
“quarentista” passou 22 anos aprendendo a gozar?
Foi isso
que entendi?
Meu latente
lado promíscuo já gritava palavrões do arco da velha.
Como assim uma
mulher demora 22 anos para aprender a gozar e depois, aos quarenta anos, sai
pelo mundo afora exibindo com o maior orgulho do mundo seu Certificado De
Conclusão do Curso de Orgasmos. É
isso mesmo?
Façam-me o
favor... considerando que quando se é jovem a pretensão é mais de
agradar o parceiro na transa do que a gente mesmo , mas daí se levar 22
anos para alcançar o tão famoso orgasmo feminino já ta demais!!!
Indignada,
conversei com uma amiga de 28 anos, portanto ainda em fase de aprendizado, me
disse que durante uma aula na faculdade sua professora afirmou que
estudos comprovam que muitas mulheres chegam aos quarenta sem nunca terem
gozado.
É
perfeitamente compreensível isso acontecer com muita frequência no século
XIX, afinal sabemos que o que se entendia por relacionamentos naquela época, é
completamente diferente do que nós, hoje enxergamos e vivenciamos em uma
sociedade contemporânea.
Hoje nos
dizemos tão feministas... Lutamos pelos nossos direitos, o que inclui o
orgasmo.
E ainda assim,
saímos pelo mundo reproduzindo de forma muito natural que: O bom dos quarenta é
que já aprendemos a gozar.
O que fazíamos
então, enquanto os quarenta não chegavam?
Mantínhamos
relações apenas para satisfazer o parceiro, ou manter casamento, segurar o
namoro?
Perdoem a
minha constada ignorância, mas durante toda a trajetória do aprendizado,
estamos falando daqueles 22 anos, nunca passou pela cabeça de uma mulher que
caso ainda ela não tivesse tido um orgasmo, alguma coisa estava errada?
Talvez o
parceiro, a posição, o local, a cabeça, o stress diário, a repressão... Sei lá.
Nunca
ocorreu a ideia de: ajuda médica, tipo ginecologista, terapeuta, pai de santo,
mãe, amiga, Google ou então quem sabe até mesmo uma conversa com o parceiro
onde fosse ensinado o caminho para felicidade? Ops... falando nisso, parceiros
não contribuam para a legitimação de mais essa insanidade, até porque vocês
serão por muitos anos lembrados de forma bem negativa, portando amores,
namorados, maridos, amantes, ficantes, casuais, usem toda a sensibilidade
possível para proporcionarem o tão almejado orgasmo feminino.
Depois que a
mulher de 43 terminou a dissertação sobre os benefícios da idade, eu já nem
sabia mais o que ela estava falando, só entendi que o tchau encerrava a
conversa.
Julgamentos e
preconceitos sobre á minha pessoa a parte, mas, por favor, quem tiver menos de
40, vai à dica: não espere esta idade chegar para gozar.
Gozem antes,
de preferência pouco tempo depois da iniciação, leve em conta também o período
de adaptação, e comecem a gozar, não esperem pelos quarenta pra sentirem
orgulho por que já aprenderam a gozar...
Aprendam, pratiquem,...
Concluam antes este curso!!! De preferência com muito, mais muito prazer.
E caso
percebam que isso não ocorreu ainda no primeiro semestre, depois de iniciado,
por favor, procurem ajuda!!!
Esqueçam-se da
promessa que até os quarenta vocês já saberão gozar.
São
muitos anos em omissão, eu arrisco em dizer sofrimento.
E, por favor,
não usem seus grandes lábios para reproduzirem de forma natural aos 40, mais
esse discurso machista!