segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Sem devanear .... hoje é pra desejar !!!


Receita de Ano

Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,novo até no coração das coisas menos percebidas(a começar pelo seu interior)novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,não precisa expedir nem receber mensagens(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Eu ... em um momento de fúria !!!

 Quero desabafar, partindo da premissa que o blog  já está  intitulado como devaneios, impressões, blablablas e desabafos. Então quem tiver curtindo ... ou não , vale a pena ler pelo menos até o fim. Assim fica bem mais fácil pra todos , não que o meu lugar ideal no mundo seja pra facilitar, mas hoje vou abrir uma exceção. 
Então vamos lá , porquê que a gente tem essa mania de querer entender tudo ? Será que é difícil aceitar que não dá ... há possibilidade de tudo ser muita coisa pra entender é enorme , praticamente em uma única existência de ao menos - chutando baixo - uns 65 anos não dá pra entender de tudo.
Eu já desencanei há pelos menos uns 5 anos atrás de querer entender de tudo , nem que seja pelo menos um pouquinho , o tempo que eu ficava perdendo entre esses pouquinhos , me renderiam bons momentos completos em apenas alguma única coisa.
Este blog, não têm nenhuma pretensão acadêmica, científica, ou qualquer outra coisa assim , até porque, esse tempo já detenho pra faculdade que faço, que também muito me dá prazer. Mas se eu quisesse falar sobre artigos acadêmicos, teses, dissertações teria feito um blog só para isso. Mas não me sinto capacitada, até porque já existem inúmeros e eficientes,  disponíveis que tratam sobre isso.
Portanto esse espaço que divido aqui com vocês , sem obrigar ninguém a ver , quer dizer quase ninguém , existem alguma pessoas que emocionalmente eu acabo obrigando mesmo, até porque elas fazem isso comigo também , quando sentem seus momentos de inquietação e resolvem me perturbar junto. Então nada mais justo. Fora essas pessoas, que alias vão ler esse texto e saberão quem são , fica este espaço livre com meus devaneios e pra quem gosta de devanear também. Simples assim ...
Não tenho muitas pretensões , na verdade apenas em cansei de ficar postando coisas no face , percebi que lá a gente acaba escrevendo como se fosse em um diário , tipo bora pro banho, academia, escola , to na praia com a galera , citações , todo mundo lindo , mandando indireta um pro outro . Todo mundo amigo, mas vamos pensar , conheço no face pessoas que tem pelo menos uns 300 amigos , alguém por favor pode me dizer se isso é real . Porque se for , já to me rasgando de inveja , olha que bom seria , 300 amigos pra desabafar, pra chorar, ir pra balada, ir no mercado, na praia, na academia e sei lá mais o que , ahhh 300 amigos pra pedir dinheiro emprestado então ... nossa cada um me emprestando dois míseros reais , eu já teria conseguido a maravilhosa quantia de quase um salário mínimo, sem ter feito nada , apenas postando : Amigos por favor me emprestem R$ 2,00 . Olha que maravilhoso seria , porque amigo que é amigo ta junto pra toda hora. Eu adoro o face , mas percebi que pra escrever coisas que sempre tive vontade lá não ia dar.
 Então resolvi fazer um blog, sempre gostei de escrever , quem me conhece sabe disso , sempre tive um apreço enorme em relação à leitura , quer dizer sempre não , comecei a ler por castigo, o livro O Principe de Maquiável aos 14 anos de idade. Hoje fica difícil agradecer o quão isso me fez bem. 
Não preciso saber sobre norma culta , já disse em um dos meus escritos que não sou poeta, estou tentando terminar minha narrativa que por enquanto chama Continuar (1) , e nada ... ainda , a coisa parou de tal jeito que não consigo dar essa continuidade , mas descobri que preciso ver o mar , descobri isso ontem , inclusive enquanto escrevia meus adoráveis, sensacionais , maravilhosos devaneios . Ah como é bom essa liberdade de escrever .
Ai divido com quem quiser ler , se não quiser não tem problema , eu entendo . Mas por favor , parem de me deter ou minar , com comentários simplistas , criticas destrutivas , expectativas sórdidas, aceito e lido muito bem com as críticas, alias cresço e evolua através delas também , mas por favor , eu não tenho mais a a mínima pretensão de entender de tudo. Então ofereçam-me críticas construtivas , aquelas que nos fazem sentir orgulho quando são aceitas, aquelas que sabemos que balançaram , estimularam, capacitaram a melhora do outro. Eu me permito desnudar , não tenho vergonha de dizer que não sei, nem de aprender, não sou esperta , sou esforçada . Então por favor , colaborem comigo quando quiserem participar deste processo que chamo de evolução . 
Lidar com a falta de coragem, a mentira, a inveja não é fácil , eu mesma sei disso, passo por isso , vivo isso e também por vezes sou assim , mas não saio por ai projetando nos outros a minha própria incapacidade. Não quero e não posso entender de tudo , às vezes nem quero entender absolutamente de nada . O apenas sentir a vontade de escrever já me basta. ...  Pronto falei !!!

Sou aquilo que não vês...


Sou aquilo que não vês, não tocas, apenas sentes e ouves. Já sei que sabes bem lidar comigo, não te ofereço mais medo, mas também nem abrigo.

Sou assim livre, vou e volto quando eu quiser. Ninguém me obriga a nada. 
Alguns me chamam de espírito, outros de alma.

Há também aqueles que já me cientificaram como transtornos, não ligo, fui presente no momento em que lhes semeie as dúvidas. Se não fossem por elas, não teriam me catalogado.
Eu sigo assim, bem desencanado, muito por ai, com a liberdade de ir e vir, sem precisar me justificar, apareço quando quero, normalmente quando menos esperam.

Não ameaço, peço licença somente para entrar, a mim cabe decidir quando ir e o quanto ficar.

Ás vezes uso palavras bonitas, suaves, ternas, mas às vezes também as faço largas, complexas, pesadas, daquelas que inquietam a alma, a fala, que perturbam, atrapalham. E sigo assim, apenas, sem muito pensar no fim, esse já foi determinado, não preciso me preocupar , não crio expectativas quanto a ele, este já está lá , não me permito perder tempo com isso. Já está decidido.
Mas enquanto não chega, vou assim fazendo minha história, participando da sua e dos outros, principalmente daqueles que insistem em não me aceitar. Sou paciente, aproveito todo o tempo do mundo que me resta para continuar.

Não é você que se abre pra mim, sou eu que me encaixo, conecto, desconexo em você. No princípio intimida... depois sinto sua falta me sentir. 
Então agora estou aqui, como uma brisa passageira, que vai e vem, às vezes sozinho e às vezes com alguém. 
Não te preocupes não te quero mal, peço apenas que me ouça, mas não tente me entender, nem a mim, muito menos á você. 

Simples mente  sinta , assim como você sente a brisa adequada naquele momento de calor , o alivio para a dor que sufoca, que  faz calar para melhor chorar baixinho, num canto muitas vezes sozinho.
Não tente me definir também, normalmente vou embora quando isso acontece. Definido já disse é o fim. Aquilo que vai findar, acabar, terminar e concluir.

Uns chamam de morte, sorte, adeus, passagem, viagem, eu chamo apenas só de fim.

 E quando findar, que fique o belo, o melhor, a atitude, a coragem. De saber ter aproveitado todo o espaço de tempo que foi desejado, concedido e empossado.

Ora suavizado, ora atormentado, mas vivido, não durado.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desabafar , pra continuar (2).

 BETO GUEDES - NOITE SEM LUAR
Quero tanto continuar, mas veio de repente àquela mania de deixar pra amanhã, não deveria, mas estou assim, sem muitas invasões na alma, tranquila , talvez não consiga. O que devo fazer o que devo esperar... Tudo tão sem nada. 
Tranquilidade deve ser aquilo que aquieta a alma.
Essa quietude deveria favorecer, ou ao menos estimular, sempre ouvi que através do silêncio se aprende, mas parece ser diferente, talvez seja necessário germinar, sons, luzes, o vai e vem da rotina, a inquietude, o âmago sedento de tolices passageiras, baboseiras, coisas sem muita complexidade.
Mas também nada muito leve, e, por favor, nem morno – ah isso não – ai já é demais, não aceito o morno, quero mesmo o quente ou frio, coisa de tudo ou nada, oito ou oitenta. Intensa, tesa, tensa. O morno me sugere pasmaceira, uma coisa muito sem eira ou nem beira. Sem sentido, não tá quente nem frio, tá morno.
 Então o negócio é escrever, assim... 
Sem pensar, questionar, apenas sentir, o questionamento fica pra quem tá lendo, interessante é que mesmo lendo alguma coisa, sem muito sentindo ou complexidade, nasce o senso critico, então já to no lucro, nasceu alguma coisa em alguém que leu.
 Mas e quanto a mim?  
Tá uma coisa meio noite sem luar, e a Lua normalmente é tão mais bonita aqui. 
Já sei... Faz tempo que não vejo o mar, deve ser isso. Lembro-me, que da última vez encontrei por lá o Mário se despedindo da D.Leo, a mulher romântica, que encontrou seu príncipe. E o filho será que chegou? Tava fora até tarde, e ela então resolveu costurar, tudo com tanto amor.
Por enquanto fica assim... Preciso voltar a ver o mar, reencontrar por lá essas pessoas que me fazem devanear por aqui.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Continuar ... (1)



Era uma noite bem atípica para aquela região, com cheiro de terra molhada, pela forte chuva que há anos não se fazia presente ali. Dona Leo, preocupada e ansiosa esperava pelo filho caçula. Era mãe de mais quatro filhos, todos já crescidos e com suas vidas engatilhadas. Mas esse menor, - ah esse menor – sabia ela no fundo do seu coração que ainda ia dar muito trabalho. Menino birrento, sem muito brilho no olhar,  não queria saber de ir á missa aos domingos, não gostava de bicho, brincava pouco, o pouco de alegria que às vezes parecia sentir, era quando contava mentiras, alias muito bem reprendidas por dona Leo, que não entendia da onde é que podiam sair tantas mentiras, era cada coisa que ele falava, coisa que nunca tinha visto ou vivido. Ficava ali, ás vezes por horas mentindo e as pessoas atentas as suas mentiras, muitas vezes nem questionavam nada, por respeito à dona Leo. Mas ela como mãe, bastava olhar naqueles olhos parados e vazios que  já sabia que eram mentiras. Continuava lá, em frente à porta, esperando pelo filho chegar, preparando-se para mais uma possível mentira. Enquanto as horas iam passando e o menino não chegava, resolveu costurar umas roupas, já surradas pelo tempo de uso. Sabe como é, família de vida pobre, sem muitos bens, vestiam-se com as roupas que ganhavam de doações. Vida seca, sem fartura, sem muita esperança. O que mais dona Leo tinha pra oferecer era o amor e fazia isso sem a menor questão de economizar, ela mesma dizia que já economizava tanta coisa, no amor não ia economizar não! Tinha tido uma vida dura , infância sofrida , começou a trabalhar cedo nas casas dos outros , lavava , passava, cozinhava , cuidava dos filhos dos patrões, mas fazia sempre tudo com amor. Tinha aprendido com a dura rotina da vida a transformar suas decepções e frustrações. Era mais fácil assim – dizia ela – pra que ficar me remoendo, sentindo ódio das coisas que às vezes passo, se amar é melhor.
Enquanto trabalhava ficava imaginando o seu príncipe encantado que sabia existir, pelas histórias que escutava das patroas quando contavam aos filhos. Ficava ali imaginando como seria quando esse príncipe chegasse, sabia que não era nenhuma princesa, mas o príncipe ela ia ter e preparava-se para amar, enquanto ele não chegava , achava melhor ir treinando, no dia a dia o amor que tinha pra oferecer.
Dona Leo, foi uma menina bonita e transformou-se em uma mulher de beleza misteriosa, faceira com a pele já bronzeada pelo sol ,cabelos pretos e longos , corpo apreciável e um andar de guerreira, com forças pra lutar da forma que podia, pra tentar melhorar de vida. Fome nunca tinha passado, mas deixou de realizar muitos dos mais simples desejos que normalmente as pessoas costumam ter. Não tinha tempo pra ficar querendo muita coisa, mais de uma coisa ela não abria mão: seu príncipe encantando. E foi tocando a vida, trabalhando de forma honesta, sempre nas casas dos outros. Sabia que teria a sua também com a ajuda do príncipe e enquanto ele não aparecia ficava ali se preparando.
Em seus dias de folga, costumava sair pra ver o mar. Ah... aquilo sim era bonito de se ver, mas nunca teve coragem de entrar não, dizia que era respeito, o mar era muito grande. Mas só pra ver, isso ela podia, ficava ali olhando o mar e pensando nas coisas que não poderia realizar durante sua vida, sentia raiva, ódio, tristeza, mas transformava em amor. Mas o que ela não abria mão de jeito nenhum era do seu príncipe – ah isso não! – pensava ela.
Em foi num desses passeios à praia que dona Leo conheceu Mário. Apaixonou-se logo à primeira vista, sentindo a batida forte no peito do coração apaixonando, o ar sumiu e ali viu o tempo permanecer parado, como se aquele instante pudesse acabar á qualquer reação sua. Já sabia o que tinha encontrado. Mas moça tímida que ainda era, ficou ali, com os olhos cheios de lágrimas, agradecendo ao mar, que acreditava ter sido o responsável por aquele momento.
Com medo de cair , preferiu sentar-se na areia, enquanto observava aquele belo rapaz caminhar pela praia , de forma tranquila e suave , como senão tivesse pressa alguma.
Dona Leo permanecia ali , somente observando, agora um pouco mais calma, como se estivesse apenas constatando a certeza que trazia consigo há alguns anos. Porém um misto de sentimentos começava atormentar , afinal não estava acostumada com realizações. Pensou por um instante em estar tendo uma visão , depois de tanto tempo olhando pro mar seria bem aceitável estar variando. E de repente começou a não querer acreditar mais na única certeza que carregara por tanto tempo até ali. Era muito estranho acreditar que realmente o seu amor havia chegado, estava tão acostumada a não ter nada. E nesses devaneios , os sentimentos de amor , inveja, ódio , tristeza novamente começavam a tortura-la. Estava se sentindo muito mal, sem forças para se levantar , sentiu a vista escurecer , pensou que fosse desmaiar...
Ei ... por favor você pode me ajudar ?
Foi como se tivesse sobrevivido a um afogamento, e que aos poucos e de forma rápida começasse a respirar novamente. Ergueu a cabeça e guerreira como era disse apenas que sim. Arrumou forças pra se levantar , limpou-se da areia que tinha em sua roupa e com um sorriso tímido perguntou no que seria útil – estava costumada a servir - .
Você sabe me dizer onde fica o Farol?
Dona Leo, estranhou afinal o farol era um bar , onde só encontravam-se os marinheiros , que após longas viagens queriam beber e se divertir com as mulheres, pronta para recebe-los. Como um homem que aparentava ser tão distinto queria ir ao Farol? O que faria lá? Mas resolveu apenas responder a pergunta do rapaz disse que sim e indicou-lhe o caminho, esperando talvez por alguma explicação.
Mario, muito educadamente agradeceu e começou a ir conforme havia lhe sido recomendado.
E dona Leo ficou ali, agora olhando o que entendia por seu amor ir embora, aos poucos e cheias de inquietações , começando a ser atormentada pelos seus péssimos sentimentos.
Foi quando ao longe ouviu Mario lhe perguntar novamente:
Você vem sempre aqui?
Apenas teve forças pra dizer que sim.
Mário parou , e com um aceno foi logo dizendo : Nos veremos outra vez.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Decifra-me ou ... Devaneie.


Lá vamos nós, começar tudo de novo. Pelo menos por mais essa vez.
Oi tudo bem?
Ah não... Você aqui? Não vê que to escrevendo?
Na verdade eu estou te vendo!
Perai... Quem é você? Já sei deve ter lido alguma coisa minha!
Sim, já li, reli, li de novo e vou continuar lendo. Podemos começar.
Começar o que? Você também quer escrever?
Quero sim. Hoje principalmente sobre mim.
Mas antes me responda: Você sempre teve essa mania de ficar rimando no fim?
Sempre!
Então acho que já nos conhecemos antes.
Tá bom... Vou te ajudar, sou uma criança.
Uma criança? Da onde você é?
Do interior.
Criança do interior também já ouvi isso, em algum lugar.
É isso ai... Podemos começar agora, então?
Podemos. Sobre o que você quer escrever?
Sei lá... Sei apenas que eu quero mostrar.
Hum... Isso não vai dar certo... Precisamos saber onde vamos chegar.
Então tá bom, escreve ai!
Tem certeza mesmo? Vou mostrar pra todo mundo que quiser ler.
Oba... Tenho certeza sim, até porque temos que dividir.
Perai, se você é a criança, quem era a outra pessoa então. Qual o nome?
Deixa pra outra vez, tudo bem?
Nossa agora eu surtei... Vão achar que sou esquizofrênica...
O que é isso?
Pessoas que ouvem vozes.
Tá ouvindo alguma voz? Tem alguém ai falando com você?
Não.
Então tá tudo bem ! Não são vocês que vivem dizendo, que temos que ouvir ... a voz que vem do coração?
É verdade, dizemos isso mesmo.
 Já disse:  eu sou do interior ... E nome da rua em que moro é ... imaginação.

Conversa causal ...


Olá ... Chamo-me solidão e o seu nome qual é ?
Chamo-me coração ... Quer morar comigo?
Nossaaaaa ...  Isso ficou horrível ! Mais um papel que vai pro lixo agora, daqui a pouco vou ter destruído uma floresta inteira , de tanto papel que gasto !
Em pensar que caneta e papel não são mais necessários , tenho uma coisa que se chama computador ! Ah ... mas gosto tanto de usar minha caneta , não vou deixar de escrever com caneta e papel , só porque tenho um computador...
Oi tudo bem ?
Tudo e você ?
To bem também , faz tempo que você tá aqui ?
Uns trinta minutos mais ou menos.
Nossa , quanto tempo !
Tudo bem , estou sem pressa.
Sem pressa ! Isso é bom ... Posso fazer uma pergunta ?
Claro que pode ... O que é ?
Você já conheceu alguma pessoa farsa ?
Como assim , não seria falsa ?
Não, não é farsa mesmo. Tem diferença sabe. É mais ou menos assim , a pessoa farsa faz com que você acredite em todos os sentidos da vida dela , amoroso, profissional, pessoal, e qualquer outro coisa deste gênero. Enquanto que a pessoa falsa , sempre vai ter alguma coisa dizendo em você , tipo a intuição ,  pra não confiar totalmente. Entendeu a diferença ?
Entendi , pensando assim então , já encontrei uma pessoa farsa , convivi alguns anos com essa pessoa , depois a vida se encarregou de nos separar. Mas sabe , eu até que gostava.
É normalmente , gostamos de pessoas assim . Porém a grande vantagem é que, como toda farsa , um dia acabam sendo descobertas. Enquanto que a pessoa falsa , vai sobrevivendo da nossa própria confiança. Então acaba que às vezes nem nos damos conta e ela continua lá.
É possível .
Há quanto tempo estamos aqui ?
Provavelmente há pelo menos uns dez minutos .
Olha ... Meu ônibus ta chegando . Bom... foi um prazer conhecer você.
Também foi muito bom te conhecer , qual seu nome ?
Fica pra outra vez , tudo bem ? E o seu ?
Ah ... Pode me chamar de Talvez ...

sábado, 1 de dezembro de 2012

Papo de praia , no final da tarde !


 Estamos em três , todos devidamente nos seus lugares , onde cada um acredita estar confortável . Finalzinho da tarde , aquela brisa gostosa , todo mundo relaxando da semana estressante , o mar convidativo , temperatura agradável.
To sentindo a areia um pouco úmida , mas está bom.
Ok , você já se situou , tá confortável, podemos conversar um pouco , ou a gente fica contemplando e não diz nada ?
Preciso falar , conversar , aquela boa e velha necessidade de ser ouvida , ouvir , descompreender pra entender , sabe ?
Nossa ...tá filosofando hoje . Também com todo esse cenário , é fácil ... favorece , né ?
Pois é, o que você fez de bom ontem ?
Penso que nada , tipo dia normal, trabalho, escola, casa , dormir ... enfim , nada muito fora do comum.
Caraca .... com tudo isso, nada aconteceu de bom ? Sei lá,  talvez ruim ?
Comigo já foi diferente , encontrei gente !
Gente doida, sã , vã, completa, humilde, ansiosa, engraçada, mal humorada, falando muito, ou então não falando nada ...
Ah ... Lá vem você poetisando , essa mania deve ser de infância , coisa de ficar rimando. Nossa até eu tô nessa.
Contamina , né ? Mas sempre tive essa mania mesmo , ficava na minha cabeça , depois do final da frase de cada diálogo que eu ouvia . Tipo assim , terminou mal , na minha cabeça eu já rimava com alguma coisa como normal, usual , casual , oral... e assim ia , tipo manhã , maça , divã, sutiã. Eu fazia sempre isso, mas não falava pra ninguém.
Por quê? Já sei , medo de achar que fosse loucura.
Você tá me perguntando ou afirmando ?
Não sei...
Eu também não sabia, então como era uma criança, na minha cabeça era comum fazer isso, chegava ao ponto inclusive de achar que todo mundo fazia e que também não falavam.
Nossa.... pensou alguma vez em fazer terapia ?
Terapia ? Como assim ? Eu era criança, minhas preocupações estavam muito distantes de terapia, se é que eu tinha preocupações.
Se fosse hoje , terapia se resumiria em ter a pia cheia de louça pra lavar e cada um cuidando da sua vida. Simples assim.
Ah... linguagem contemporânea , isso , isso .... esse é o nome.
Que coisa né ? E o que eu fazia no meu tempo de criança era o que ?  Alguém sabe o nome ?
Não sei.
Nem eu .
Já pensou em fazer terapia ?
Por quê?
Mania que você tem de nomear tudo ....
Verdade , isso me faz lembrar o título de um livro.
Qual ?
As palavras e as coisas, do Foucault.
Foucault , quem é esse cara ?
Bom... tem gente que fala que ele só escreveu bobagens porque era viado.
Nossa , então você teve uma boa influência mesmo , leu bobagens de um viado. Agora tudo ficou explicado.
Explicado o que ? Que você é uma besta , daquelas que ficam dando várias voltas em torno de uma mesma pedra ? Você nunca tinha ouvido falar de Foucault e de repente já começa a reproduzir o que os outros falaram ? Faça-me o favor , vai pesquisar um pouco.
Vai me dar trabalho ?
Provavelmente.
Então não quero... estou com sede, vamos beber alguma coisa ?
Tudo bem , o de sempre ?
Sim.
Por favor uma cerveja, um guaraná e uma água com gás.
E assim permaneceram por algumas horas , olhando a imensidão do mar, crianças brincando na praia , pessoas passeando de mão dadas, o sol se pondo ,dando passagem a uma bela tarde. Promissora .... que  nascia lenta , porém meiga .

Em dúvida ? Pode ser ...

Quando fico assim ... com vontade de escrever , me falta a inspiração.
Essa vontade, esse desejo , que nem eu mesma compreendo aparece assim...
O que fazer ? Pegue a caneta  e o papel , precisa somente disso , para refletir o que passa nessa cabeça em devaneios, desabafos, confissões , sei mais lá o que!!! Simplesmente pegue papel e caneta.
E lá vou eu ... ansiosa , esperando o que vai aparecer entre as linhas , devo ler antes de mostrar ? Devo rasga-lo e começar tudo de novo ... afff como isso me cansa.
Me cansa, me esgota , me retraio ... paro.
Mas quero voltar , quero voltar pra escrever , desabafar , todas as possíveis insanidades que carrego em mim.
Mas quer mostrar ao mundo ? Todas essas insanidades ? Não tem medo ?
Quero sim ... minhas insanidades estão aqui e faço com elas exatamente o que quiser . Quero que você ao  vê-las identifique-se com alguma ... tente fazer aquele exercício e enxergar através do olhar do outro . 
Indigne-se , remova-se , retraia-se ... volte .  Parece hipnose ? Mas você continua lendo.
Então vou me entendendo , me divertindo , me permitindo , sabendo que tudo isso que escrevo é mais uma daquelas viagens em que devaneio , e volto. Volto ao ponto de partida , exaurida , acabada , mas satisfeita.
Isso acontece com você também? Pra quem você escreve ?
Não sei .... sei lá .... talvez para quem quiser ler.
Não quero falar sobre as verdades belas, singelas ... mas na verdade não sei ainda sobre o que eu quero falar hoje . Fica assim ... sem começo nem fim . Pra você ou pra mim ...
Ah você é louca .... provavelmente . Talvez nossa diferença esteja tão somente nestas entrelinhas que eu mesma escrevo ... E você faz o que com sua loucura ?
Transforma em ternura .... Ah .... que lindo .... clichê !!!
Eu não , eu fico aqui tentando nomear , renomear , retroceder , quem sabe esquecer .
Com sua ajuda,  deixei aqui pra você ....
O quer vamos fazer ? As estatísticas estão aqui pra me dizer ....




sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Julia se empolgou ! E assim se fez : Era uma vez.

Enquanto eu escrevia meus devaneios de ontem e hoje , minha filha de cinco anos , se empolgou . Ai não teve jeito , tive que transcrever sua historinha, pra dividir com vocês a primeira criação dela, que ocorreu sob uma forte fiscalização e um sorriso lindo no olhar , enquanto ela divagava com toda sua imaginação e criatividade.
Agora divido com vocês também , esse momento que pra mim tornou-se único. 

Desejamos a todos uma boa leitura !


Era uma vez, uma coelhinha que pulava em todo lugar.


Ela se chamava Bela.

A irmã Camila, achou o elefante , no domingo , em um shopping ! 

Bela andava, pulava. Até que um dia achou um elefante e disse:


Olá você quer ser meu amigo?Quero sim. Respondeu o elefante.


Então me siga ... pulando.


Um dia o elefante e a Bela foram plantar rosas. 


Depois ficaram na janela para vê-las crescer.

Todos os dias regavam e observavam pela janela.

Até que um dia uma forte tempestade derrubou as rosas.

Eles choraram e ficaram tristes.

Ai veio um monte de animais para ajudá-los e plantaram novas rosas.

E todos ficavam na janela observando elas crescerem.Fim.

Depois deste maravilhoso presente, me delicio com a seguinte pergunta : Mamãe agora descubra porque as rosas cairam?


Fica a dica...



Defina poesia... 
Defina você. 
A mim cabe somente sentir e tentar traduzir em palavras na maioria das vezes não muito coesas o que o sentimento tenta exprimir. 
Não tenho alma de poeta. Possuo somente a meta. 
De prender você nessa loucura, apelando à sua idade mais pura ou ao sentimento inacabado... 
Que levo, assim como você. 
Quero as vezes poder tentar escrever pra que todos entendam. Sempre fui utópica. 
Nem eu mesma muitas vezes entendo , somente escrevo , sinto, transcrevo . Onde vou chegar não me interessa, apenas me deixo levar sem a pressa dos momentos inacabados ou superados. 
Quem sou eu pra explicar coisas sobre o amor, a dor se não foi eu que os inventei. Apenas vivenciei pelos encontros e desencontros do caminho que sigo e assim , como este rascunho vou fazendo e refazendo na esperança da incerteza de você ler. 
A mim me basta a esperança , a você deixo a necessidade da certeza , e o que você vai fazer com ela , a mim não interessa. Não tenho pressa , possuo somente a meta. 
Agora vou limpar meu chão ... tanto papel feito e refeito ... 
Talvez pelo medo dos defeitos que trago comigo, mas também não os excluo ... não sei qual deles ainda é necessário pra legitimar essa loucura marginal.

São eles... talvez eu !


Me vendo, porque os outros estão me vendo. 

Quem determina a direção são eles, não eu.
Secreta e desejosamente anseio, pelas respostas dos valores morais ou amorais. Pelas verdades arrastadas, escancaradas ou camufladas. Ou pelo ideal do amor, dos sentimentos , da leveza...ou nada mais . 

Mas quem determina... são eles, não Eu !

Então espero, me acalmo e nessa calma sinto que enquanto não se determina, não se exterioriza,busco em mim forças pra me consentir , pra viver... escrever, tentar ser.
Ser a verdade arrastada pelos longos anos que já vivi, ou então a escancarada por todas as portas que abri , ou talvez quem saiba ainda a camuflada que não revelei.

Mas quem determina... são eles, não Eu !

Os ideais também já estão aqui, prontos para serem ofertados, como em uma liquidação. Liquidando com todos os desejos, anseios e com as inquietações da alma, que cala , espera , sublimada pelo amor. Que segue tentando ser ...

Mas quem determina ... são eles, não Eu. 

Esse eu apenas sente, ressente e quer cada vez mais. Mais coragem de libertar das entranhas aquele desejo de ir , de se estender , se expandir . 

Sem deter ou minar ... apenas ser.